sábado, 15 de junho de 2013

AFINAL, A POLÍCIA TEM OU NÃO O DEVER DE IMPOR A ORDEM?



O MAL NÃO VEM COM CHIFRES, MAS COM CARA DE INGÊNUO E PURO!
Seja dada a seguinte situação: “as empresas do setor aéreo resolvem aumentar as passagens em sete pontos percentuais. Mas como? Os aeroportos estão lastimáveis, o serviço está péssimo e os atrasos constantes e ainda querem aumentar? Aí, algumas pessoas reclamam, outras lamentam, outras acham que o ministério público deve investigar, mas um outro grupo, um determinado grupo de ativistas políticos vêem na situação a oportunidade de faturar politicamente. Esse grupo cria uma ONG do tipo MDTA (movimento pela democratização do transporte aéreo), convoca seus companheiros do movimento estudantil  e vão para as ruas fazer um protesto “pacífico”. Três mil ativistas descem pela avenida Paulista. Ali param o trânsito. A polícia fica parada, só observando a passeata. Aí o tempo passa: ambulâncias ficam paradas com o doente esperando; o professor não consegue chegar para dar a aula; o entregador de pizza já teme que as pizzas se estraguem; o juiz, o padre, o advogado, o engenheiro, todos, ficam ali aguardando a liberação da passagem. Mas os “manifestantes” acham pouco quando não há reação: aí começam a pichar os ônibus, a balançar os carros, subir em seus tetos e capôs; os  mais atrevidinhos fazem sinais obscenos para os policiais e riem na sua cara. Nesse momento, a polícia entra em ação e decide acabar com a passeata. Aí aqueles manifestantes “ pacíficos” retiram de suas mochilas paus, porretes, pedras, coquetéis Molotov e barbarizam quem está ao alcance, depredam o comércio vizinho e destroem o que há de equipamento público pela frente. É claro que se chegaram a este ponto da ação não irão parar pelo diálogo: a polícia, então, emprega todo o seu vigor dissuasório: gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetete. Esses santos remédios retiram os manifestantes “pacíficos” do local e liberam a passagem para quem quer trabalhar. Mas não acabou ainda, você pensa que eles perderam? Qual nada. À noite nos canais de televisão e nos jornais do dia seguinte, vem a manchete: “POLÍCIA TRUCULENTA IMPEDE MANIFESTAÇÃO PACÍFICA!”. Os caras não são bobos, têm muitos companheiros nas editorias dos jornais e telejornais. Pronto, agora o serviço está feito: estão pouco se lixando para o aumento das passagens aéreas, mesmo porque quase nunca se utilizam delas, o queriam mesmo era demonizar a polícia e colocar o estado de direito de joelhos. Conseguiram: o comandante da polícia vem pedir desculpas pelos “excessos”, o governador vem garantir a punição dos policiais violentos etc etc”.
Agora, imagine você, se cada grupo de interesse quiser parar a cidade por seu motivo particular (ainda que justo)  e barbarizar quem está por perto, não deve a polícia entrar para restaurar o direito constitucional das pessoas ir e vir? Afinal não foi para isso que se inventou a polícia: garantir ao cidadão a liberdade de ir onde desejar e proteger seus bens? Pode um grupo de 3 mil estudantes constranger 5 milhões de trabalhadores em nome de seu conceito de justiça? Pense nisso: o Brasil já tem muita desordem espontânea, não precisamos da desordem planejada.

PS.: o argumento de que a polícia deveria ser mais branda e não cometer excessos não deve ser valorizado. As pessoas que lidam com segurança pública sabem bem que uma ação tímida e excessivamente delicada encoraja o baderneiro!


segunda-feira, 10 de junho de 2013

AFINAL: A PUNIÇÃO EDUCA OU DESEDUCA?



AFINAL: A PUNIÇÃO EDUCA OU DESEDUCA?
Não há nenhuma novidade na constatação de que o Brasil passa por uma crise de disciplina com consequências graves tanto para a educação das crianças e jovens quanto para a segurança pública. A realidade não pode mais ser escondida e explode em nossa cara, seja via meios de comunicação, seja diretamente, na vida pessoal.
São tantos e tão variados  os casos de barbaridades cometidas por crianças e adolescentes que é desnecessário formar uma coleção probatória. Mas como nada vem do nada, “nihil ex nihilo”, o assunto que nunca me abandona, voltou em recente visita que fiz a uma ex aluna do curso de pedagogia, já há três anos formada. Na visita, não pude falar com a, agora, professora. Fui informado por seu marido que minha ex aluna não estava em casa e também não estava no trabalho: estava em consulta com o psiquiatra. Ocorre que tantas foram as tribulações dessa educadora, em sala-de-aula  para alunos da 1ª Fase do Ensino Fundamental, que acabou por ter uma crise nervosa de alta gravidade, sendo-lhe recomendado repouso absoluto, medicação e psicoterapia.
Fosse um caso particular de estresse profissional, não teria nenhuma relevância, além da clínica. Não é, contudo, um  caso particular, mas a realidade do dia-a-dia de nossos professores de crianças e adolescentes. As escolas se avolumam de alunos mal-educados, indisciplinados, irritantes, que conversam o tempo todo (ainda tem o celular que não para) e que, não raro, adotam um comportamento agressivo e até delinquente. Em tais condições, o professor vai esgotando suas forças até desistir e “deixar  rolar”, passa, então, a ser um burocrata sem nenhuma função educadora, que enrola o que der até que chegue o horário do fim do expediente. A pessoa se anestesia e toca o barco como dá. Fica no cargo, mas, essencialmente, deixa de ser educador.
Alguns professores, entretanto, não conseguem fazer esse movimento de alheamento aos objetivos educacionais. São os que se esgotam e adoecem.
Colocado o problema, já não é o caso de nos perguntarmos: uma educação que dispensa o rigor disciplinar, na qual o professor é um “facilitador”, sem nenhum controle do comportamento do aluno é realmente um “progresso” para o nosso sistema educacional? Ou seria um tremendo atraso bafejado por ideólogos midiáticos como “educação moderna e cidadã”?
Para além da manutenção da ordem, teria a disciplina alguma função no desenvolvimento da criança e do adolescente?
De saída, porém, podemos afirmar sem meios termos que a disciplina é indispensável para a manutenção da ordem. Óbvio que as opiniões sobre a necessidade de uma “ordem” no ambiente da escola se dividem. Alguns verão na ordem uma dimensão reguladora dos comportamentos transgressivos, agressivos e negligentes e, portanto, garantidora de um ambiente de legítima liberdade,  onde a criatividade e o desempenho devem prevalecer. Para esse grupo, portanto, A PUNIÇÃO EDUCA.
Outros dirão que uma norma imposta “de fora para dentro” é artifício autoritário, pois o aluno a aceita por medo da punição, mas seu coração não se deixa convencer, formando, assim, uma divisão (splitting) no interior da personalidade, base sobre a qual erigirá uma futura personalidade neurótica que irá reproduzir o mesmo autoritarismo. Para esses críticos da ordem, a função da educação não é propriamente a de transmitir conhecimentos, mas a de desenvolver uma consciência crítica, questionadora  da sociedade em que vivemos. Daí sua ênfase em “atitudes”, “cidadania”, “direitos” etc. Para esse grupo de educadores, portanto, A PUNIÇÃO DESEDUCA. Resta saber como jovens semi-alfabetizados, incapazes para a linguagem escrita simples e incapazes para cálculos elementares podem ser CIDADÃOS CRÍTICOS e não massa de repetição de chavões políticos e revolucionários.
Pretendo, em um texto posterior, fazer  uma descrição fenomenológica do que ocorre na mente de uma criança/adolescente que é punida quando transgride, comparando-a com  uma criança que não é punida em situação semelhante.
Independente dessa investigação psicológica futura, os dados atuais, somados à observação são inequívocos: o estado de anomia em que se encontra a escola brasileira hoje alerta para as seguintes constatações:
1 – o nível geral da aprendizagem não tem mais como ser pior. Há alunos que chegam aos cursos superiores totalmente incapazes de elaborar um texto de três linhas que seja humanamente compreensível;
2- o afastamento (por motivo de saúde mental) ou mesmo o abandono da carreira docente (ensino fundamental) tem aumentado assustadoramente, fazendo com que o gasto público investido em treinamento e formação se eleve, sem que ocorra o retorno do investimento em educação;
3- os relatos revelam um processo de tortura pelo qual passam nossos professores em seu quotidiano, fazendo com que, muito cedo, se desiludam de sua profissão;
4- as escolas se tornam, a cada dia mais, um campo privilegiado do desenvolvimento da sociopatia infanto-juvenil, onde o vitorioso não é o mais sábio, o  mais culto, o melhor esportista, mas aquele que é capaz de uma agressividade extrema e mais intimidadora;
5- as escolas se tornaram campos de guerra, onde os professores estão intimidados (com medo mesmo!) e as agressões, violência e até o assassinato de um aluno por outro já está no horizonte do dia-a-dia.
6- a violência que antes era própria dos rapazes, agora, definitivamente, é campo democrático!
Não há como não concluir com as palavras certas e sem meios-termos: SEM PUNIÇÃO, NÃO HÁ SOLUÇÃO!