O MAL NÃO VEM COM CHIFRES, MAS COM CARA DE INGÊNUO E PURO!
Seja dada a seguinte situação: “as
empresas do setor aéreo resolvem aumentar as passagens em sete pontos
percentuais. Mas como? Os aeroportos estão lastimáveis, o serviço está péssimo e
os atrasos constantes e ainda querem aumentar? Aí, algumas pessoas reclamam,
outras lamentam, outras acham que o ministério público deve investigar, mas um outro
grupo, um determinado grupo de ativistas políticos vêem na situação a
oportunidade de faturar politicamente. Esse grupo cria uma ONG do tipo MDTA
(movimento pela democratização do transporte aéreo), convoca seus companheiros
do movimento estudantil e vão para as
ruas fazer um protesto “pacífico”. Três mil ativistas descem pela avenida
Paulista. Ali param o trânsito. A polícia fica parada, só observando a
passeata. Aí o tempo passa: ambulâncias ficam paradas com o doente esperando; o
professor não consegue chegar para dar a aula; o entregador de pizza já teme
que as pizzas se estraguem; o juiz, o padre, o advogado, o engenheiro, todos,
ficam ali aguardando a liberação da passagem. Mas os “manifestantes” acham
pouco quando não há reação: aí começam a pichar os ônibus, a balançar os
carros, subir em seus tetos e capôs; os
mais atrevidinhos fazem sinais obscenos para os policiais e riem na sua
cara. Nesse momento, a polícia entra em ação e decide acabar com a passeata. Aí
aqueles manifestantes “ pacíficos” retiram de suas mochilas paus, porretes,
pedras, coquetéis Molotov e barbarizam quem está ao alcance, depredam o
comércio vizinho e destroem o que há de equipamento público pela frente. É
claro que se chegaram a este ponto da ação não irão parar pelo diálogo: a
polícia, então, emprega todo o seu vigor dissuasório: gás lacrimogêneo, balas
de borracha e cassetete. Esses santos remédios retiram os manifestantes “pacíficos”
do local e liberam a passagem para quem quer trabalhar. Mas não acabou ainda,
você pensa que eles perderam? Qual nada. À noite nos canais de televisão e nos
jornais do dia seguinte, vem a manchete: “POLÍCIA TRUCULENTA IMPEDE
MANIFESTAÇÃO PACÍFICA!”. Os caras não são bobos, têm muitos companheiros nas
editorias dos jornais e telejornais. Pronto, agora o serviço está feito: estão
pouco se lixando para o aumento das passagens aéreas, mesmo porque quase nunca
se utilizam delas, o queriam mesmo era demonizar a polícia e colocar o estado
de direito de joelhos. Conseguiram: o comandante da polícia vem pedir desculpas
pelos “excessos”, o governador vem garantir a punição dos policiais violentos
etc etc”.
Agora, imagine você, se cada
grupo de interesse quiser parar a cidade por seu motivo particular (ainda que
justo) e barbarizar quem está por perto,
não deve a polícia entrar para restaurar o direito constitucional das pessoas
ir e vir? Afinal não foi para isso que se inventou a polícia: garantir ao
cidadão a liberdade de ir onde desejar e proteger seus bens? Pode um grupo de 3
mil estudantes constranger 5 milhões de trabalhadores em nome de seu conceito
de justiça? Pense nisso: o Brasil já tem muita desordem espontânea, não precisamos
da desordem planejada.
PS.: o argumento de que a polícia deveria ser mais branda e não cometer excessos não deve ser valorizado. As pessoas que lidam com segurança pública sabem bem que uma ação tímida e excessivamente delicada encoraja o baderneiro!