O CRESCIMENTO DA INSENSIBILIDADE
COM O HUMANO NO BRASILEIRO: QUANDO A INFLUÊNCIA DEMONÍACA DOMINA TODA UMA
NAÇÃO!
Esse
texto foi difícil de ser escrito e, acredito, não será fácil de ser lido. Não
é, pois, adequado a pessoas de estômago fraco.
Trata-se de uma primeira aproximação de uma abordagem da decadência
civilizatória que vem crescendo há, já,
40 anos, no Brasil.
Primeiramente,
enfoco o crescimento da insensibilidade com o próprio ser humano entre nós; em
seguida busco descrever o significado que o crescimento da desumanidade tem
para nossa sociedade.
A
INSENSIBILIDADE, HOJE, É MESMO MAIOR OU TÃO SOMENTE UMA ILUSÃO?
A
fim de sustentar meu ponto-de-vista, inicio contando a seguinte história:
Era
meados da década de 70, eu ainda uma criança. Havia no bairro de Campinas (a
nossa conhecida Campininha) um contingente enorme de comerciantes, mascates,
caixeiros-viajantes etc, que circulavam
por ali, pois era um bairro que combinava residências em meio a um comércio
intenso e muito desenvolvido. Entre essas pessoas, havia um mascate conhecido
por Abrão, sujeito sem família, corriqueiro, que perambulava por ali, vendendo
bugigangas e artigos para mulheres. Ocorreu que seu Abrão foi assassinado em
seu pequeno barracão, ninguém sabe por quem; ninguém sabe por quê.
Eu,
menino, não conhecia o desafortunado e as informações, que agora trago, me
vieram depois de sua morte e as mantive
em minha memória, não sei bem o por quê. Mas suspeito.
Me
lembro bem de, em companhia de minha mãe e irmãos, termos comparecido ao
velório desse homem, aparentemente solitário e sem raízes. Mas, para chegar até
onde jazia o caixão com o defunto, em uma pequena sala do barracão (àquela
época era muito comum velar os mortos em casa), tivemos que, pacientemente, por
quase uma hora, ir seguindo na fila quilométrica que se formou para a última
reverência. Na fila, as pessoas conversavam sobre os motivos da tragédia, que
deveria ter sido por rixa de comércio, ou alguma mulher estaria envolvida, ou
que alguém, de seu passado nebuloso e obscuro, teria voltado para um acerto de
contas etc. Toda a curiosidade e toda a especulação, contudo, ficava em segundo
plano. O traço que uniformizava toda aquela gente era a contenção reverente. As
pessoas, visivelmente, se emocionavam, algumas até chegando às lágrimas, mas
sem exageros. Havia ali uma profunda reverência para com o morto e o
reconhecimento do destino inevitável da morte!
É
certo que a comoção desatada pela morte do seu Abrão, foi, em parte,
intensificada pela circunstância do assassinato. Um assassinato nos traz, ao
primeiro plano da consciência, o quanto somos falíveis e impotentes para
proteger nossa própria vida. Nele, temos a consciência aguda da morte, seu
poder aterrorizante nos envolve e somos, por assim dizer, cozidos para a morte!
Por isso nos identificamos com o destino trágico do morto e sofremos com ele.
Tudo se traduz numa atitude de reverência, recolhimento e reflexão. Mas a
reverência era comum, àquela época, a
todas as formas de mortes.
Lembrei,
aqui, o episódio da morte do seu Abrão, como de muitas outras que vivi na
infância, para contrastá-la com a atitude geral de hoje.
O
Brasil de hoje, parece estar no caminho, bem avançado, da mais completa
insensibilidade com o ser humano. Vou falar no geral, mas vocês poderão encontrar,
facilmente, um exemplo real específico do que afirmo. O fato é que as pessoas
estão completamente frias com a morte. Talvez por causa dos 70 mil assassinatos
por ano, o brasileiro médio seja capaz de se deparar com um cadáver na porta de
sua casa, saltar sobre ele e seguir para o trabalho, como se nada tivesse
ocorrido. Não enfatizo aqui, propriamente, a exorbitância da criminalidade:
assassinatos cruéis em qualquer escala, assassinatos intrafamiliares, pessoas
sendo esquartejadas e atiradas nos lixões ou córregos, cabeças cortadas e um
sem-número de barbaridades. O que enfatizo aqui é a insensibilidade que se
estabeleceu entre nós, primeiramente, para com a morte, e, em seguida para com
a dor e sofrimento do próximo.
A
distância temporal daqueles acontecimentos de meados dos anos 70, como a morte
do “seu Abrão”, para os violentos assassinatos de hoje é de uns 40 anos, mas a
distância em sensibilidade é incalculável. Aquela reverência para com a morte e
os mortos (e também para com os vivos) parece coisa de uma outra civilização,
perdida no fundo da memória. Percebe-se ter havido um anestesiamento, um
esfriamento, para com o ser humano, em todas as áreas, sendo o crime e a morte
somente sua expressão mais visível. O princípio de reação física só em último
caso (base da convivência civilizada) veio sendo substituído pelo princípio
sociopático (a vantagem é sempre a do mais agressivamente poderoso – seja por
superioridade física, seja por estar mais bem armado, seja pela condição
econômica).
Para
as pessoas em estado civilizatório normal, sempre, na presença de um ser
humano, há o envolvimento de certo cuidado, certo interesse, certa curiosidade
cuidadosa com a pessoa. O ser humano é um universo inteiro e é esse o pano de
fundo que domina as relações civilizadas. Queremos saber o original, o pessoal,
o único daquele que está diante de nós. Parece haver riqueza nisso e uma grande
fruição dessa riqueza é um exercício social. No final, essa disposição nos faz
mais humanos e mais próximos do humano! Podemos, depois, não gostar da pessoa e
criar conflitos e oposições, mas, no pano-de-fundo sempre há o bálsamo da consideração humana!
O
brasileiro de hoje reserva certa dedicação aos familiares, mas, via- de- regra, com as pessoas,
em geral, tem uma atitude de desvio e insensibilidade. O outro se torna o outro
de Sartre: o inferno! Mas não o inferno da confrontação e da disputa. O inferno
do distanciamento, do alheamento, da insensibilidade. O outro é apenas uma
estorvo, um atrapalho; a não ser que possa ser convertido em alguma fonte de
interesse.
Não
há dúvida, o brasileiro decaiu na escala da civilização. Esse esfriamento, essa
indiferença, contudo, não ocorreram por geração espontânea, mas foram
cuidadosamente preparados pelos engenheiros sociais revolucionários,
anti-cristãos, que criaram antinomias irreconciliáveis, como: negros contra
brancos; patrões contra empregados; homossexuais contra cristãos; gordos contra
magros; maridos contra mulheres; filhos contra pais; crianças contra
professores etc.
Tudo
foi cuidadosamente preparado para que o ódio, a inveja e o confronto
florescessem no País, mutação gramsciana da luta de classes marxista. Está claro que se trata de um ataque
demoníaco. Daquele homem cordial dos anos 70, restou apenas o homem
conveniente, adaptado às circunstâncias imediatas, mas carregado do mais
profundo ódio social por todo aquele que, por condicionamento, aprendeu a odiar:
se negro, odiar o branco e vice-versa; se gordo, odiar o magro; se pobre, odiar
o rico; se gay, odiar o cristão; se mulher, odiar o homem, se empregado, odiar
o patrão, etc. Tanto ódio acumulado, ora se materializa nos 70 mil assassinatos
por ano no país (uma guerra do Iraque por ano!); ora se materializa na mais
profunda insensibilidade para com o ser humano. Uma tragédia. É preciso que o brasileiro, um
por um, faça o retorno às bases cristãs de nossa civilização, através da oração
e de uma volta sincera à preocupação com a pessoa humana. Somente Deus pode
interceder em nosso favor contra um ataque demoníaco desse porte.
Para
aqueles que, cientificistas, tem dificuldades em lidar com a idéia de um ataque
demoníaco a toda uma nação, lembro que a Rússia em 1917; a Polônia e a Alemanha
nos anos 30, entre outros, sofreram um maciço ataque demoníaco. Os milhões de
mortos estão aí para demonstrá-lo.
É
importante frisar que há uma diferença fundamental entre a possessão demoníaca
(que elimina a vontade e a autonomia do possuído) e a influência demoníaca (que
depende do assentimento da pessoa). Está claro que, neste caso, se trata de um
poderoso ataque de INFLUÊNCIA DEMONÍACA,
ou seja, o brasileiro, graciosamente, aceita o mal, a maldade, a inveja e a
violência. A insensibilidade com o
humano é a maior vitória do diabo!