sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A DECADÊNCIA DA FUNÇÃO DO PAI: UM MUNDO DE MAIS LIBERDADE E HARMONIA OU O RETORNO À BARBÁRIE!








É preciso deixar claro e apresentar as evidências: A FUNÇÃO DO PAI vem perdendo  importância na sociedade brasileira  (ocidental) atual.  Para demonstrá-lo vou primeiro esclarecer aquilo a que chamo FUNÇÃO DO PAI (por extensão, falarei também da FUNÇÃO MATERNA).
A FUNÇÃO DO PAI é arquetípica e foi consolidada pela constância da experiência humana com o PAI. O pai sempre dominou o imaginário (e a realidade) das famílias.  Desde tempos imemoriais, o pai sempre foi garantia de proteção para toda a família, mulher e filhos. Às vezes nos esquecemos, mas, ao longo da história humana, a sobrevivência das pessoas dependia, muito, da capacidade de defesa física encontrada dentro de casa. Eis que uma família sem pai estaria fadada ao extermínio, as mulheres seriam estupradas e as crianças feitas escravas. Essa foi a dura realidade durante toda a história da humanidade até há 250, 300 anos, quando o advento da segurança pública passou a ser fator de proteção externa às famílias, flexibilizando a essencialidade do PAI para esse papel. Essa condição explica o respeito, acatamento, admiração e obediência que o PAI sempre suscitou nos membros da família. É a função paterna que vai nos lembrar para sempre: “devemos ser fortes!”
A ESSENCIALIDADE DO PAI GERA A AUTORIDADE DO PAI.
A essencialidade do PAI, pelos séculos e séculos, consolidou o pai como fonte quase absoluta  da autoridade e o fundamento da disciplina. É por esta razão que a FUNÇÃO DO PAI é corretamente identificada com a DISCIPLINA, A ORDEM, A PROTEÇÃO E O FUTURO dos membros da família, que deverão, ao amadurecerem, consolidar a obra iniciada pelo pai.
A AUTORIDADE DO PAI GERA O PODER DISCRICIONÁRIO DO PAI E SE TORNA FONTE DE CONFLITOS
A partir da revolução industrial (que em nada foi revolução, mas evolução), as mulheres e crianças passam a ter função econômica fora de casa (nas fábricas, por exemplo) tornando-as mais autônomas em relação ao poder do pai. Muitos pais não se adaptaram a essas mudanças e passaram a usar a força do poder como o poder da força para se impor despoticamente aos filhos e mulher.
A EVOLUÇÃO DO CONFLITO COM O PODER DO PAI RESSALTA O AUTORITARISMO E DISSOLVE SUA PROTEÇÃO
Na medida em que foi perdendo o poder, o pai, modus in rebus, foi se instilando da força para se impor ao grupo familiar. Exacerbando o autoritarismo e diluindo o sentido de proteção e direção, que lhe é próprio, o pai foi sendo identificando, pela família,  com uma ordem arbitrária e injusta (tudo isso se passando no nível emocional) alimentando certo sentimento de revolta, que sempre existiu no filho jovem, mas que, no passado, era amplamente suplantado pelo sentimento de admiração, respeito e devoção ao pai.
A REVOLTA CONTRA A AUTORIDADE DO PAI GERA OBJEÇÕES CONTRA SUA EXPRESSÃO SOCIAL: A ORDEM E A DISCIPLINA.
A revolta contra a autoridade do pai, lentamente, durante três ou quatro séculos,  foi avançando sobre os vários meandros da sociedade, culminando no estado de revolta generalizada que hoje se vê: revolta contra a disciplina na escola; revolta contra a ordem social, revolta contra a autoridade da religião (às vezes, até mesmo contra DEUS), enfim, revolta contra leis, normas, regras e modos sociais (há núcleos sociais em que a simples boa educação é vista como babaquice!) e, nesse crescendo, acabou na simples contestação de todo aparato policial-judiciário, razão de estarmos vivendo uma era do mais profundo desprezo pela polícia e justiça.
A FUNÇÃO MATERNA. A função materna é tão antiga e arquetípica quanto a função do pai e seu complemento indispensável. Ao longo do trajeto humano, a figura de uma mãe cuidadora, carinhosa e devotada sempre esteve presente. É através da função materna que a mãe ama incondicionalmente, é por ela que a mãe ama o filho, seja como for e faça o que fizer. A função materna só quer mesmo cuidar do filho, amá-lo e defendê-lo de qualquer mal que o ameace, independente do que ele faça ou se torne. Só a função materna pode ver beleza onde só  há feiura; ver graça onde prevalece o insosso e ver um futuro esplêndido em uma criaturinha sem nenhuma qualidade que a habilite ao futuro. É a função materna que nos preenche de amor e que, para sempre, em nossas vidas, vai nos lembrar de um fato: o amor existe!
O PAI ENTREGA OS PONTOS E PASSA A MIMETIZAR A FUNÇÃO MATERNA
Com todo esse desprezo pela autoridade e pela ordem, os operadores sociais da FUNÇÃO DO PAI, (o pai, o juiz, o padre, o professor, o policial etc) passaram a rejeitar seu papel e a buscar mil-e-uma justificativas para não exercê-lo. Afinal, tudo o que o homem moderno (e sensível) não quer é ser chamado de autoritário, machista e mau. Quando vemos um Ministro do STF a justificar a fuga de um condenado ou o Ministério Público de São Paulo exigindo a liberdade para um assassino asqueroso (o tal Champinha), tudo em nome da generosidade, estamos diante do mais absoluto desprezo pela função do PAI. Ainda ontem observei em um telejornal uma matéria com deslavados elogios a um delegado de polícia. Atentei para ver o que se passava, vez que elogios a policiais não são frequentes, e o que assisti foi revelador: o delegado não estava sendo elogiado por seu trabalho de polícia (prender bandidos, impedir sequestros etc), mas por ajudar um abrigo de velhinhos. A matéria buscou enfatizar que o policial bom é esse modelo que mais se parece a um assistente social. Por essa razão, punir alguém por seus atos infracionais, passou a ser coisa de gente má. O bonito é acreditar na força do diálogo, que vai levar o infrator à compreensão de que está num mau caminho. O pobrezinho se tornou bandido porque não foi amado e compreendido. Essa, a receita: vamos dar amor ao bandido para que ele se torne mocinho! A verdade é que os homens, de hoje, têm vergonha e medo de exercerem a função de PAI. Um excelente exemplo extraído da dramaturgia é dada pelo seriado americano “two and half man”. Nessa produção, os episódios revelam homens que, absolutamente, não sabem como ser pais. Só lhes resta a adolescência eterna!
AS FUNESTAS CONSEQUÊNCIAS DA DECADÊNCIA DA FUNÇÃO DO PAI
Com a decadência da FUNÇÃO DO PAI, e com ela a decadência da disciplina e da ordem, sobrevém uma enorme dificuldade em controlar os comportamentos transgressivos. Mais e mais se vai buscando mudar as estratégias punitivas, substituindo-as por outras de cunho dialogal e compreensivo  (FUNÇÃO MATERNA). A princípio, dar mais amor e compreensão ao transgressor parecia mesmo ter o poder de mudar seu comportamento, tornando-o socialmente útil. Contudo, depois de 40 anos nessa trilha (desde os primeiros movimentos anti-autoridade no Brasil), o cenário não poderia ser mais desolador. São fatos que enumero a seguir.
ESCOLA: é inquestionável a ampliação das liberdades dos alunos de primeiro e segundo graus. Hoje, praticamente, só fazem mesmo o que querem. Só usam uniforme, se querem; só entram para as salas, se querem; só obedecem aos professores, se querem; só fazem as tarefas, se querem e só são reprovados, se querem. Qualquer tentativa de coibir um comportamento de barulho na sala-de-aula torna o professor alvo de agressões e vilipêndios que a maioria não suporta e acaba por abandonar a carreira.  A consequência de tanta liberdade está estampada: baixíssimo desempenho e a transformação das escolas em pontos de delinquência, drogas e sexualização precoce.
A FAMÍLIA: a quebra do princípio da autoridade e da punição como meio de controle está sendo arrasador para as famílias. Mais e mais  vemos crianças determinando o comportamento dos pais, descontrole comportamental de adolescentes e o descaminho para as drogas e delinquência. Os pais de hoje, diante de um comportamento transgressivo do filho, se sentem desorientados, impotentes e apavorados, pois o recurso da punição se torna fonte de culpas (despreparados que estão) e o diálogo/sermão se mostram inúteis. A consequência é uma desestruturação da adolescência que nunca se viu antes.
A SOCIEDADE: a quebra do princípio da autoridade e do apreço pela ordem se vê todos os dias, a todos os momentos, na rua ou na televisão. O aumento da criminalidade ( no Brasil se matam 55 mil pessoas/ano – mais que em toda a guerra do Iraque!), um desejar implacável (surgem certos grupos que exigem que a sociedade lhes dê o que querem, caso contrário, reagem agressivamente. E o que querem? Tudo, qualquer coisa é motivo para uma guerra contra a sociedade. Ainda esta semana um grupo de aproximadamente vinte adolescentes , em São Paulo, irritados pelo cancelamento de um baile funk, saíram saqueando e quebrando tudo em um posto de gasolina e loja de conveniência. Uma das bestas tentou inclusive atear fogo às bombas de combustível, mas A Providência não permitiu tal tragédia). E por que a criminalidade cresce, se a pobreza diminuiu? Porque não há punição. É proibido punir! Exemplo: sabe-se que na maioria dos crimes de assassinato há a participação de menores de 15, 16 e 17 anos, mas toda a tentativa de reduzir a maioridade penal é recebida como coisa de homens maus, que não tem pena das crianças etc etc. Nada de punição. A estratégia deve ser a de dialogar com o transgressor (um Ministro de Estado veio a público, há poucos dias, recomendar NÃO proibir os chamados rolezinhos, mas dialogar com seus líderes).
CONCLUSÃO: a realidade sempre reage contra as ideologias e a realidade aponta claramente: precisamos da FUNÇÃO DE PAI para nos mantermos como civilizados. A idéia de que a eliminação da FUNÇÃO DO PAI (ordem, disciplina, punição) tornaria a vida na terra um paraíso se mostrou inteiramente falsa: quarenta anos nessa trilha o demonstram. Contudo, uma advertência deve ser feita: os ideólogos da retirada da FUNÇÃO DE PAI não desistiram e vão insistir em mais do mesmo remédio: “precisamos compreender mais os jovens”, “precisamos dar mais liberdade aos jovens”, “precisamos de mais liberdade sexual”, “precisamos dialogar mais”, “precisamos dar mais lazer” etc. Continuaremos a ouvir esses bordões do Ades  vindo de pessoas confusas (ou muito maliciosas). Atentai!



sábado, 4 de janeiro de 2014

A ILUSÃO DE UM MUNDO PARADISÍACO: SÓ DIREITOS!


A ILUSÃO DE UM MUNDO PARADISÍACO: SÓ DIREITOS!

Vivemos uma época de incessante busca por mais direitos. Todo o esforço social, cultural e intelectual parece ser buscar mais e mais direitos. Como diria Hegel, o nosso zeitgeist é essa luta incessante pela ampliação de direitos. Parece, mesmo, a coisa mais justa, mais correta, reivindicar mais direitos.
Para todo lado que se vira, deparamos com grupos, geralmente organizados, num incessante trabalho de cooptação de agentes para ampliação de direitos para sua causa. São grupos de negros querendo mais inclusão, grupos indígenas querendo mais terras, grupos feministas, grupos defensores das crianças, grupos gays, grupos pró-pedofilia (já estão organizados no Brasil), grupos pró-aborto, grupos pró-drogas, grupos anti-tabagismo, funcionários querendo maiores salários, professores querendo dobrar a despesa com a educação  etc etc.
Parece, mesmo, ser a conquista de mais direitos o caminho para a salvação! Há, inclusive, um projeto de lei de um curioso senador estabelecendo a curiosa norma pela qual todos têm direito à felicidade. Igualmente esdrúxula, para dizer pouco, é a norma que torna direito do filho ter o amor do pai. No caso de o pai não sentir genuíno amor por um filho (seja lá qual for o motivo), será, então multado e condenado ou aprenderá a fingir um amor inexistente! Esse é apenas um dos inúmeros aspectos perniciosos do estado entrar na casa e intimidade das pessoas. E o que dizer do direito à felicidade? No caso de João estar apaixonado por Maria e esta não ter por João o mesmo sentimento, como disporia o legislador: o Jõao sacrificaria sua felicidade em favor de Maria? Ou Maria desposaria João, mesmo sem amá-lo, somente para vê-lo feliz e, assim, atender à legislação da felicidade? Os absurdos se multiplicam.
Mas retornando ao tema da busca por mais direitos, há um fato, de fundamental importância, que fica sempre negligenciado e não é jamais discutido, embora óbvio. Trata-se da contrapartida dos direitos: os deveres! É de conhecimento elementar que se há um direito para alguém, há a obrigação, ou dever, de satisfazer esse direito por uma outra pessoa, mesmo que ocorra, no processo, a mediação do estado. Se alguém tem direito ao amor, alguém deverá ter o dever de amar; se alguém tem o direito à moradia, alguém tem o dever de provê-lo dessa moradia; se alguém tem o direito à escola pública de qualidade, alguém deverá responder pelo dever de fornecer essa escola; se o criminoso condenado tem direito à uma pensão para os filhos durante o encarceramento, alguém deverá prover os recursos para essa pensão; se o funcionário público tem direito ao aumento dos salários, alguém  terá o dever de dispor a verba necessária para esse aumento. Enfim, para cada direito, há um dever (e alguém responsável por esse dever)  os exemplos se multiplicam  ao infinito.
O problema de nossa incultura cívica é que todos nos achamos merecedores de mais direitos e sequer pensamos sobre em quem recairá o ônus do dever correspondente. Geralmente, essa ocultação se utiliza de responsabilizar o estado por uma gama imensa dos deveres correspondentes. É certo que alguns direitos são providos diretamente pelas pessoas, mas outros necessitam da intermediação do estado. Agora, vamos pensar um pouco: o estado produz algum tipo de riqueza? O estado é capaz de dar amor, cuidar? Obviamente, não. Toda a verba estatal provém da sociedade; todo amor e cuidado provém de um ser humano. O estado retira recursos da sociedade através dos impostos, taxas, contribuições etc. e, com esse montante, o estado financia os direitos que os grupos conquistaram.
É aí que a conta não fecha. Vamos deixar as coisas esdrúxulas para lá (direito ao amor, direito ao carinho, direito à auto-estima, direito ao beijo etc) e nos atermos somente aos direitos que geram obrigações materiais. Ainda há poucos meses, um grupo intitulado MOVIMENTO PASSE LIVRE, com grande estardalhaço conseguiu deter aumentos nos preços das passagens urbanas e, em certos casos, conseguiu, até mesmo, a redução do preço dessas passagens. Todo mundo aplaudiu aquela maravilha (“povo unido, jamais será vencido” etc). O objetivo do grupo é o que vai no seu próprio nome: estabelecer tarifa zero nas passagens dos ônibus urbanos! Ora, ora, uma pergunta deve ser feita: não sendo o passageiro a pagar por sua locomoção, quem paga? É claro que não será o dono da empresa, pois ninguém põe dinheiro em um negócio que não dá retorno, também os motoristas, cobradores, mecânicos querem o seu dinheirinho e não irão trabalhar de graça, pois. A única saída seria então o estado pagar pelo serviço. Mas quando dizemos “o estado”, ocultamos o verdadeiro financiador do serviço: a população, com seu suado dinheirinho. Mas o serviço de transporte urbano é mastodôntico e seria necessária a criação de impostos específicos para seu custeio, pronto, agora a conta fecha: vamos tirar o dinheiro de toda a sociedade para financiar o usuário do ônibus. Mas não vamos nos esquecer de que o que o  particular faz por 3, o estado paga 10,  portanto, o custo final do transporte seria aumentado enormemente, exigindo um pesado acréscimo na carga tributária. Rateando esse aumento de impostos pela população, veríamos casos e mais casos em que as pessoas perderam mais com o aumento dos impostos do que gastariam pagando elas próprias suas passagens. Isso na melhor das hipóteses!
Esse caso concreto serve para demonstrar o quanto a busca por direitos, especialmente os mediados pelo estado, torna a sociedade mais fraca e o estado mais forte, pois a mediação do estado é onerosa e concentradora de poder.
O Brasil vem nessa trilha de aumentar direitos, que, na verdade torna a sociedade mais fraca e o estado mais forte. A continuar nesse passo, em breve seremos, todos, servos dessa máquina gigantesca, esse leviatã, chamado estado. Atentai!