Fotos: juventude comunista ontem e hoje. Na terceira foto, a juventude hitlerista. A mesma disposição para criar um "novo mundo"
A JUVENTUDE E O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO
É
de conhecimento elementar o quanto a ideologia revolucionária, representada
principalmente pelo comunismo, foi trágica para a humanidade. Nenhum país matou
mais opositores internos que China, União Soviética, Camboja entre outros
potentados comunistas. Realmente, algo que as tiranias comunistas não admitem é
alguém pensar diferentemente dentro do país. Ressalte-se aqui o quanto
comunismo e nazismo são similares: controle da sociedade pelo estado, controle
da economia, controle da imprensa. Onde quer que tenha imperado o credo
revolucionário houve, como consequência, a miséria e a tirania em níveis
sesquipedais.
Contudo,
apesar de promotor de tanta desgraça reunida, o movimento revolucionário
continua a atrair militantes e simpatizantes, sobretudo entre os jovens. Estes
são, via de regra, a massa humana mais utilizada em todo e qualquer movimento
revolucionário. Basta uma olhada nas estatísticas do nazismo, comunismo
soviético, chinês, no Camboja e aqui mesmo na Améria Latina, em Cuba, Venezuela e Brasil para
perceber o contingente de jovens recrutados (diria, aliciados). Uma pergunta
salta os olhos, por quê? Por que os jovens continuam a ser atraídos por uma
ideologia que foi e é fonte de morte, dor, miséria e sofrimento?
A criança é completamente dependente, mas gosta e busca
por essa dependência
Para
responder a essa intrigante questão, devemos recuar aos primórdios do
desenvolvimento ontogenético (ao longo da vida do indivíduo humano). Desde já,
contudo, é necessário adiantar que não são todos os jovens que são atraídos
pelo movimento revolucionário. A bem da verdade, somente uma pequena minoria
cai nas malhas desse fenomenal engodo. Mas se trata de uma minoria ativista,
barulhenta e que, por vezes, parece ser imensamente maior que a maioria
silenciosa.
O
bebê humano é, talvez, o mais completamente dependente mamífero no início de
sua vida. Realmente, é a mãe que define as circunstâncias, o momento e os
cuidados a serem aplicados à criança pequena. Higiene, alimentação,
aquecimento, cuidados gerais com a saúde, hora de dormir e uma infinidade de
ações que a criança precisa que a mãe faça para ela, do contrário ou perece ou
terá graves consequências para sua saúde.
A
criança, na medida em que vai crescendo, crescendo também irá sua autonomia
pessoal. Quando começa a andar, a falar, a criança vai ampliar seu campo
pessoal de ação e vai tentar, por todos os meios, desbravar os mistérios
circundantes à sua curiosidade.
Nesse
processo evolutivo, por vezes, a criança se verá em situações de insegurança e
incapacidade e buscará retornar aos braços da mãe para recuperar a segurança
momentaneamente perdida. E aí, nesse processo de fluxo e refluxo, a criança vai
alegremente seguindo seu caminho. A existência da mãe, que o protege e limita sua
autonomia, não é percebida como hostil, mas como fonte protetiva à qual se
apega com grande afetividade. A dependência nesse momento é percebida como
correta e desejável.
O jovem continua
dependente, mas detesta essa condição e anseia por autonomia
Contudo,
ali pela pré-adolescência (10, 11 ou 12 anos) , a dependência começa a ser
sentida como um valor negativo, um fardo, e o jovem vai tentar, ao máximo, afastar-se da
autoridade dos pais, sobretudo quando está na companhia de outros jovens. Há
situações extremas em que o jovem, sequer aceita ser visto ao lado da mãe;
beijar a mãe em público se torna um verdadeiro suplício.
Nesse
momento, ocorre uma contradição, que
leva a um conflito: o jovem deseja uma autonomia para a qual não está equipado
e capacitado. Invariavelmente, quando a fivela aperta, é para os pais que corre e neles busca amparo e socorro.
Mais
e mais o jovem percebe sua fragilidade e incapacidade e mais e mais aumenta sua
ânsia por tornar-se autônomo. Contudo, autonomia não é algo que se conquista da
noite para o dia. Demanda tempo, muito esforço, trabalho e humilhação. E é aqui
que a rebeldia juvenil se assenta: o sujeito se sente prejudicado e injustiçado
pelo mundo, assim como o mundo é. Essa impotência é a semente do espírito
revolucionário!
O sentimento de impotência e o
deslocamento para a busca por um mundo perfeito, onde o jovem será, enfim, poderoso
Na
maioria dos jovens (mais resistentes às frustrações) essa semente não germina,
mas em uma minoria, frágil e carente da afirmação imediata de um poder que
sente não ter, a coisa não passa, a planta germina (normalmente recebendo o
adubo da intelectualidade ou de outros ativistas) e cresce forte, dominando a
personalidade e predispondo o sujeito a querer destruir o mundo como é para construir
um outro mundo, perfeito, onde terá o poder completo que sempre almejou, mas
perdeu a esperança de alcançá-lo, por esforço próprio, no mundo de seus pais.
Uma
mente rebelde é predisposta a acatar toda doutrina mudancista, desde as mais
elaboradas até as mais vigaristas. O importante é ver o quanto o mundo é
errado, o quanto as tradições são tolas, o quanto a autoridade é tendente aos
privilégios; enfim, todo o esforço deve ser feito para destruir o mundo como é
para, em seguida, criar um mundo novo justo, bom, onde o homem seja um outro
também melhor e mais bondoso. Não é difícil perceber nessa mentalidade um
delírio megalômano, como se o sujeito fosse um novo deus!
Com
a chegada da maturidade, o ímpeto revolucionário se torna mais burilado e
afiado, mas jamais deixa de ser o componente mais fundamental dessa
personalidade. A pessoa, quanto mais percebe a fragilidade de suas idéias e
propostas, mais ataca a realidade. Aceitar a realidade como ela é representaria
um risco enorme para sua segurança emocional, seria lançar-se no precipício da
dúvida e é aqui que uma curva errada no desenvolvimento da criança desemboca num adulto revolucionário neurótico. Mas isso é assunto para um próximo artigo.
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