quinta-feira, 30 de maio de 2013

WALCYR CARRASCO QUEBRA PARADIGMAS E PROTAGONIZA UM HOMOSSEXUAL PSICOPATA EM “AMOR À VIDA”.





Pois é:  ainda existe vida inteligente na terra. Walcyr Carrasco, autor da nova novela das oito (que só começa às nove horas) mostra porque é autor de sucesso. Resistindo a todo palavreado “politicamente correto”, Walcyr resolve desafiar o estabilishment  e desenvolver um personagem assaz desafiador.
Mateus Solano interpreta magistralmente Félix, um homossexual ímpar na dramaturgia e mídia brasileiras. Ocorre que o homossexual sempre é apresentado como uma sofrida vítima da sociedade. Há sempre histórias de pais brutos, abandonos e exclusão na vida dos homossexuais midiáticos. São sempre retratados como pessoas boas, humanas, honestas e divertidas, além de trabalhadoras.
Dessa forma, se construiu uma imagem dramática do homossexual que não corresponde à realidade.
Walcyr avança e põe abaixo o mito do homossexual sempre bonzinho.
Félix é mau, calculista, bajulador, assassino, dissimulado, enfim, tudo aquilo que em psicopatologia é definido como psicopata: um  sujeito sem nenhuma consciência moral e incapaz de se arrepender pelo mal que causa às pessoas que em algum momento entraram em seu caminho. Além de atos sórdidos como atirar o filho da própria irmã na caçamba de lixo ou mandar matar o próprio tio, Félix comete todo um repertório de maldades: mentiras, dissimulações, traições. Roubar o próprio pai, hostilizar o próprio filho são o quotidiano desse homem casado, mas gay e que vive à cata de “anginhos”, como são chamados os jovens que lhe interessam sexualmente.
A inteligência do autor se revela em restaurar a verdade quanto ao caráter das pessoas. É sabedoria ancestral que o caráter da pessoa não depende da cor de sua pele. Walcyr agora restabelece a verdade de que o caráter da pessoa também não pode ser vinculado ao que o sujeito faz com suas partes de baixo, mas com sua parte de cima. É a conduta da pessoa  que define seu caráter. Cor, credo, orientação sexual, condição social não podem definir se o sujeito é um bom homem ou um rematado canalha.
Mas nem tudo são flores.  Walcyr Carrasco, por sua clareza, deverá atrair o ódio de toda a militância gay, que deseja ser a orientação homossexual o sétimo céu da integridade humana (não confunda com o direito do homossexual seguir sua consciência e seu desejo legítimos). Contudo,  esses messiânicos não poderão acusá-lo de homofobia: Walcyr Carrasco é homossexual assumido.





Um comentário:

Unknown disse...

O que define o caráter de uma pessoa?
E o seu caráter, o que define? Define-se?
O seu modo de vestir? Seu ciclo de amigos? Sua conta bancária? Seu emprego? Seu gosto musical? Sua ''cor''? Sua opção sexual? Sua preferência gastronômica? Seu sotaque? Seu nível de escolaridade? Ou a pré opinião formada por pessoas pequenas, que pensam que uma boa conduta é sinônimo de pessoa ''ADEQUADA AOS PADRÕES DA SOCIEDADE''? Mas, o que realmente a sociedade considera adequado aos seus padrões? E que sociedade é essa que padroniza o caráter como se fosse possível comprar cápsulas de dosagens periódicas para resolver a falta de bom senso, educação, moral, caráter e vergonha na cara? Seria mais ou menos assim: Uma dose de bom senso no café da manhã; 2 cápsulas de vergonha na cara às 9:00 horas; antes do almoço, uma dose de honestidade pra não sentir má digestão ao assistir os noticiários do meio-dia. Às 15h00, 1 cápsula de caráter; depois do jantar, um pouco de consciência (o dia não deve ter sido fácil e a corrupção para alguns é contagiosa); antes de dormir, um pouco de paz de espírito pra diminuir a culpa de fazer parte de uma sociedade hipócrita e de dois em dois anos (períodos políticos) tratamento com tarja preta para a memória, caso alguns esqueçam detalhes importantes dos candidatos! Além de algumas outras recomendações, dependendo de cada caso!
Por horas penso que a sociedade se comporta assim mesmo, como se tudo pudesse ser ''padronizado'', ''etiquetado'', como se o ''rótulo do produto'' fizesse a diferença em sua utilidade e qualidade, como se a aparência contasse mais que o conteúdo, como se pudéssemos adquirir na banca da esquina coisas que só podemos conquistar se realmente estivermos dispostos a não aceitar o que a sociedade prega que não deve ser mudado por uma questão de costumes e comodismo.
Já ouvi muito, desde pequena, que educação e caráter a gente aprende no berço, ainda. E é bem isso mesmo, a gente é educado de um jeito e reflete lá na frente – pro bem ou pro mal. Caráter é aquele ingrediente final, o segredinho da receita: ou você nasce com muito ou o pouco que tem não vai servir pra nada. A história do 8 ou 80, sabe, ou você tem ou você não tem. Mas, e quem disse que a sociedade liga pra isso? A TV está aí pra orientar e mostrar que o bom da vida é ter dinheiro, coisa boa é ser madame, rica e vilã, de novela - no fim ela foge e vai viver muito-bem-obrigada lá em Paris ou na Itália (pra que melhor, gente?). As revistas de moda estão aí pra indicar que roupa você deve usar em cada estação e como acertar nas cores e no visual. E aí as pessoas se prendem a todo esse “Ritual mágico de como ser alguém bem visto”, esquecendo que a imagem que passa nem sempre é a que fica, e, muito menos, é a real – e passa. Mas, não é isso o que a sociedade pede? Gente de plástico, sem vontades, sem amor, sem isso que a gente chama toda hora de caráter e já nem sabe direito o que é, afinal. Cabelo da moda, sapato da moda, roupa da moda, gente da moda: gente sem ser gente.
O mundo anda torto, sabe. As pessoas se perdem achando que é o tal encontro esperado. E, talvez precisemos mesmo de umas cápsulas diárias de “como não perder a essência nesse mundo desajeitado” ou “como lidar com cobras sem se deixar envenenar por elas”. Não é preciso renunciar às novidades do mundo moderno. Não, isso é caretice (não é assim que a sociedade denomina uma pessoa que não acompanha o “novo”?)! Mas, não é preciso dizer não a tudo de bom que a tecnologia vem oferecendo. Estamos falando aqui do lado humano que vive dentro da gente, o lado que todo mundo tem, mas não mostra, vive escondendo. Nosso lado avesso, sabe, cheio de remendos, imperfeito. O lado de onde partem nossas ações, o nosso amor por si e pelos outros. Estamos falando aqui de respeito, de vergonha e da falta dela.

Por: Mayara Juliana e Simone Oliveira