QUANDO FOI QUE O ESTATISMO
PROMOVEU O CRESCIMENTO DO BRASIL? OU: PROLEGÔMENOS À ESTUPIDEZ FINGIDA DE BONS
SENTIMENTOS.
Sabe-se
que o Brasil sempre foi atrasado em relação à EUROPA, EUA e outros rincões
menos notórios. É angustiante ter plena consciência de nosso atraso ancestral e
visceral. Essa consciência nos gera
aquele sentimento invasivo de vergonha oceânica de nós mesmos e de nossos
parentes, afinal, o subdesenvolvimento foi “construído” pelos próprios
brasileiros, não é mesmo?
Em
vão, tentamos atribuir a fatores alienígenas essa nossa desdita. Já esteve na
moda acusar os ingleses, depois os franceses e atualmente os americanos de
serem nossos espoliadores (curiosamente, é omitido que nosso principal parceiro
comercial, hoje, é a China que nos compra commodities minerais e agrícolas e
nos vende manufaturas industriais: filminho repetido com nossos outros
principais parceiros comerciais acima citados), mas quando nos livramos das defesas
projetivas, a verdade se abre na nossa cara e nos diz: “vocês são os principais
responsáveis por seu triste destino” (me vem aqui, de passagem, a obra de
Claude Lévi-Strauss: “ Tristes Trópicos”, mas por motivo certamente o inverso ).
Além
das defesas projetivas (acusar os outros por nossos problemas), outras defesas
são tentadas como atribuirmos a nós mesmos uma índole preguiçosa ou
excessivamente festeira. Também a ganância dos ricos brasileiros foi apontada
como causa de nosso subdesenvolvimento. Uma ideia tola, pois propõe que a
pobreza existe porque existem os ricos. Os Estados Unidos concentram 70% dos
milionários do mundo (segundo a FORBES) e é a nação mais rica entre todas. Pelo
raciocínio torto, deveria ser a mais pobre, pois. Alguns já afirmaram ser o
calor. Não cola, pois a Flórida tem clima semelhante ao brasileiro e está entre
os mais ricos estados da nação americana. Também entram na conta das tentativas
de explicar as causas de nosso atávico atraso a nossa origem lusitana ou nossa
miscigenação. Para mim, tudo isso são fugas. Mais uma vez a verdade se
apresenta na nossa cara e nos diz: ”vocês são mesmo os principais responsáveis
por seu triste destino!”. Parodiando aquele quadro humorístico em que o pai
constata que o filho se tornara gay, pergunto: “onde foi que erramos?”.
UMA ESTRATÉGIA HISTÓRICA ERRADA, OS APROVEITADORES E OS ESTÚPIDOS!
A
estratégia de colonização e exploração das riquezas de suas várias colônias
adotadas por Portugal pressupunha o máximo de retorno pelo capital investido. O
governo central buscava o máximo retorno e, para isso, deveria ter o máximo
controle. De tal forma o controle estatal se fez ostensivo, que todas as
atividades econômicas da Colônia deveriam passar pelo controlador estatal, que
obviamente via aí a oportunidade de enriquecer e fortalecer o estado e
enfraquecer a sociedade. É claro que impondo toda uma série de dificuldades, o
estado (neste caso, a Coroa Portuguesa) também se tornava o instrumento de
solução para os problemas por ele criados. A partir de certo momento, a ideia
de que o estado seria um resolvedor de problemas das pessoas se firmou omitindo
da memória prática que os problemas foram por ele (o estado) criados. Mas como
o estado é pródigo em criar dificuldades, o sistema todo se tornou asqueroso
para aqueles que desejavam se fixar aqui. Todo o ódio e rejeição a esse modelo
despertados na colônia levaram as
lideranças libertárias locais a rejeitarem o beneficiário do modelo (Portugal),
mas preservando o método (concentração do poder no estado).
É
desta forma que o estatismo se vai forjando e se legitimando na colônia, no
império e na república brasileiros. O estado se consolida como “o agente do
desenvolvimento nacional”.
A
partir dos anos 30 do século passado, na era Vargas, o estado se torna “o principal agente do
desenvolvimento nacional”. E um vício se cria na população: toda demanda, todo
desejo, toda aspiração pessoal devem ser dirigidas ao estado. E é assim que
chegamos ao Brasil de hoje: uma economia atrasada, uma educação péssima, um
monte de problemas na saúde e na segurança, além de um nível de civilização já
próximo da barbárie. Tudo isso ocorre com um estado que já retira da sociedade
38% de toda a riqueza produzida.
O TRAÇO CONSTANTE EM TODA A
HISTÓRIA DO BRASIL É A PRESENÇA DO ESTADO GIGANTE OPRIMINDO O CIDADÃO.
Voltando
à nossa pergunta inicial sobre as causas do histórico atraso do Brasil,
encontramos uma única resposta: o gigantismo estatal, que sempre esteve
presente entre nós. Mesmo os antigos coronéis, passando pelos grandes
fazendeiros, chegando aos industriais de hoje não compõem uma verdadeira classe
liberal, mas um capitalismo atrelado aos recursos estatais. O brasileiro foi condicionado a pensar no
estado como solução dos nossos problemas. Pensamos assim nas questões
econômicas, pensamos assim nas questões educacionais, nas questões de saúde, de
infraestrutura etc. Prova cabal disso é o fato de que nunca tivemos um partido
verdadeiramente liberal, enquanto que partidos estatizantes se revezam no
poder. Somos vítimas dessa visão estatizante, que está presente em todos os
nossos partidos políticos. Observe a profusão de partidos contra-liberais foram
estabelecidos no Brasil, sejam comunistas, socialistas, trotskystas, nazistas,
fascistas, e tuti quanti partidos sociais-democratas. Será que esses adoradores
do estatismo não sabem que 1 comprimido que é fornecido pelo CAIS custa R$-1,00
na farmácia e que o governo gasta 5 para dispensá-lo no CAS? Será que
desconhece que uma ponte que o particular faz por R$-100.000,00. O governo
gastará 500.000,00? Como é que se pode acreditar que canalizar mais dinheiro da
sociedade para seu agente mais incompetente pode fazer uma sociedade mais
desenvolvida? Isso só ocorre porque existem duas classes obtusas que o
defendem: os aproveitadores e os estúpidos!
OS APROVEITADORES
Neste
grupo, há os tradicionalistas e os modernos.
Tradicionalistas.
Desde há muito, as elites brasileiras aprenderam que o estado é um meio
eficiente para se ganhar muito dinheiro sem fazer força ou correr riscos: basta
dominar seu centro político. Nesse pacote entram as antigas oligarquias, os
coronéis, os grandes fazendeiros, os grandes comerciantes, industriais e, mais
recentemente, os empreiteiros e concessionários de serviços públicos. As maioria
das grandes fortunas brasileiras foram construídas nas relações com o estado,
isso não é difícil de ser verificado.
Modernos. Ao longo do século XX outros grupos
perceberam as vantagens da proximidade com o governo e controle da verba
pública. Inicialmente, os altos funcionários do estado, que eram extravasados
das elites tradicionalistas, começaram a adquirir status próprio e separar seus
interesses daquele outro grupo. Entre os primeiros modernos, encontram-se os
funcionários da justiça e polícia, os professores, os funcionários da saúde, os
primeiros sindicalistas, entre outros. Hoje, há uma massa compacta e numerosa
de funcionários e sindicalistas extremamente bem remunerados (em comparação com
a população em geral) que esgotam 70 ou 80 por cento da receita do ente público,
tornando seu objetivo unicamente pagar serviços e funcionários.
Eis aí, os
cerca de 25% da população que dragam a verba pública para seus interesses. São
árduos defensores do estatismo, mas não o fazem por amor (ainda que mimetizem
sentimentos nobres), mas por interesse em abocanhar a riqueza da sociedade que
foi transferida ao estado. São os APROVEITADORES.
OS ESTÚPIDOS
Nascidos
dentro do grupo dos aproveitadores, especialmente entre os professores
universitários, surgem os estúpidos. Esse grupo é formado a partir de uma base
ideológica centrada no estatismo. Na origem, ideólogos e ativistas marxistas,
(comunistas e socialistas), fascistas e nazistas. Estado forte, indivíduo
fraco. Trata-se de pessoas que sonham com um mundo estatizado; muitos deles
acreditam mesmo que esse mundo seria melhor que o mundo liberal/capitalista,
outros sabem que é somente uma luta pra substituir uma elite liberal por uma
outra muito mais centralizadora e opressiva. Capciosos, pregam a obrigação do
estado de prover toda a sorte de necessidades, demandas e desejos das pessoas
e, por isso, se auto intitulam
humanistas, mas espertamente, omitem a realidade de que o estado nada
produz e tudo que provê, foi antes retirado da sociedade. Mantém, assim, as
pessoas numa espécie de delírio no qual o estado entra e satisfaz todos sem se
perguntar por quem irá pagar a conta. O truque é simplório, mas confunde
facilmente os incautos (a imensa maioria das pessoas). Sua estratégia é criar
mais e mais obrigações para o estado, levando este a retirar mais recursos da
sociedade, até o ponto em que o sistema todo implode e a estatização geral da
economia possa vir por meio revolucionário. Quando vejo uma categoria
profissional, como professores do ensino fundamental, com escopo salarial de
R$-12.000,00 a fazer greve por aumento do salário ou quando vejo a imprensa
fazendo campanhas para que o estado pague uma cirurgia ou um exame nos Estados
Unidos, no valor de um milhão de dólares, para uma criança doente, me parece
patente que o objetivo é retirar mais dinheiro da sociedade, amentando o
conflito: é a estratégia dos estúpidos em ação!
Posso
agora concluir que o estatismo (de qualquer viés ideológico) nunca criou e nem
criará riqueza ou desenvolvimento, mas castas, que levarão uma boa vida enquanto
a sociedade é escravizada. O atraso constante e persistente do Brasil se deve
ao fato de que um liberalismo econômico, que restringisse a expropriação que o
estado impõe à sociedade NUNCA houve no Brasil. O Brasil permanece sendo a
pátria do estatismo, seja qual for seu colorido ideológico. É isso que explica
o Brasil ser o que é. É isso que explica os Estados Unidos serem o que são!
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