terça-feira, 8 de julho de 2014

O CHORORÔ DA SELEÇÃO BRASILEIRA AJUDA OU ATRAPALHA?

O CHORORÔ DA SELEÇÃO BRASILEIRA AJUDA OU ATRAPALHA?

Talvez seja esta a mais chorona de todas as equipes formadas pelo Brasil, em todas as Copas do Mundo. O chororô é geral. Na hora do Hino, no início do jogo, quando faz o gol, quando leva ...o gol, na hora do pênalti, e no final da partida. É muito choro, convenhamos. Mas, afinal, qual é o sentido desse choro?
Sabemos que o choro é expressão de emoções intensas. Pode ser causado por algo muito triste, uma decepção; pode ser causado por se ter vencido grandes desafios, como uma aprovação em um concurso desejado e difícil; podemos chorar de alegria, como quando nasce o filho ou quando nosso time do coração vence o campeonato (sendo o Vila Nova o meu time, já esqueci como se faz isso...); podemos chorar de raiva (conheci uma moça que nunca chorava por outras razões, mas, frequentemente chorava de RAIVA) e podemos chorar de medo!
Um atleta que chora, eventualmente, passa uma atmosfera de apego e dedicação ao clube, o que nos comove e convence de seu compromisso e de que não é frio como um “mercenário”. Nesta clave, portanto, o choro ajuda.
Mas e quando o choro revela descontrole emocional, falta de confiança, falta de segurança e incerteza? Em situações assim, o choro atrapalha.
Me parece ser bem essa a situação de nossa seleção. Os jogadores não estão chorando só por excessivo comprometimento. Estão chorando porque estão inseguros. Mas por que e como isso acontece?
Penso que nossos atletas estão fora do foco. Estão chorando por ter superado suas dificuldades passadas, na infância, juventude e na vida profissional. Se chegaram até aqui, é porque são todos vencedores em seus clubes, já conquistaram seu espaço no mundo do futebol e é esse repertório de recordações que está dinamizando as emoções que levam ao choro. É como se estivessem dizendo pra si mesmos: “olha tudo o que passei e superei para chegar até aqui”. Então, chegar “até aqui” passa a ser a finalidade da existência, tudo o mais é irrelevante. É o choro de chegada, é choro do término de uma jornada longa, dura e difícil na qual sagraram-se vitoriosos. É um choro por suas biografias.
Mas por que afirmo que estão fora do foco? Porque “chegar até aqui”, é importante biograficamente para cada atleta, mas não tem a menor importância para a seleção. Para a seleção, não importa, o mais mínimo, de onde o por onde o atleta veio. Importa o que vai fazer aqui, agora, para chegar ao objetivo do time: sagrar-se campeão!
Em meio a essa turbulência de choro de chegada, o atleta chega a não saber o que fazer ali. Ou não é isso que revela o time quando o capitão Thiago Silva pede para não cobrar o pênalti por não se sentir “preparado emocionalmente”. Um capitão que recusa sua tarefa por “razões emocionais” está se desqualificando para o posto. Lembro aqui um aspecto da teoria freudiana da libido de competição: “mais preparado é o competidor que tem prazer na competição e esperança de vitória”. É isso garotos: concentrem-se em se divertir jogando bola e deixem a biografia pra depois da competição!

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