quinta-feira, 31 de julho de 2014

O BRASIL DE HOJE: A CONFUSÃO, A MALÍCIA E A BARBÁRIE!






O BRASIL DE HOJE:  A CONFUSÃO, A MALÍCIA E A BARBÁRIE!

O Brasil passa, nos dias de hoje,  por um momento extremamente difícil de sua história. Não me refiro à economia, que, apesar de poder melhorar ( e muito ), não constitui nenhuma tragédia. Os ganhos econômicos nos últimos 20 anos são apreciáveis. A moeda se estabilizou com o fim da inflação,  as pessoas comem carne quase todos os dias e praticamente não há mais a fome sistêmica. Há mais crianças e adolescentes nas escolas (se bem que hoje as escolas, principalmente as públicas, sejam uma tragédia educacional, mas isto é outra discussão); a possibilidade de adquirir uma casa e um carro já está no horizonte de quase todas as famílias e ter uma casa equipada com todos os eletromóveis se tornou comum. Mas o que nos falta,  se, do ponto-de-vista material,  as coisas estão encaminhadas?
É assustador o quanto a sociedade brasileira declinou moralmente e aqui não me refiro especificamente à moral sexual, mas aos valores, que garantem uma convivência harmoniosa e colaborativa entre as pessoas, uma sociedade na qual  prevalece o respeito de  cada um pela história, dificuldades, fracassos e sucessos do outro.  A sociedade brasileira está esfacelada! Tornou-se uma praça-de-guerra de todos contra todos. E o efeito disso se vê todos os dias nos noticiários:
1 – 70 mil assassinatos por ano;
2 – 45 mil mortos no trânsito por ano;
3 – quantidade crescente de crimes intrafamiliares: pais matando filhos; filhos matando pais; marido matando a mulher; mulher matando o marido e muitos matando, ora por motivos banais (pequenas querelas),  ora por motivos os mais abjetos (herança, pensão de aposentado etc);
4 – amizades que se rompem por nada;  a inveja não reconhecida, mas sempre atuante; a tendência crescente ao isolamento e dele saindo somente para uma perfórmance;
5 – a crescente perda de respeito pelo sagrado, pelo espiritual e pela morte.
Quanto de maldade é necessário para se matar alguém (excluindo-se o motivo da defesa)? E para um pai matar um filho?
Todas essas atrocidades sempre existiram, mas o que choca é que o que antes era excepcionalíssimo tornou-se corriqueiro, ao ponto de nem mais chamar a atenção. A pessoa depara com um cadáver na rua, pula por sobre ele e segue em frente, sem sequer olhar para trás. Estamos nos acostumando à barbárie!
O mais preocupante é que essa tendência des-civilizatória está em processo crescente e nada indica que irá parar por aqui. O Brasil poderá retroceder a frangalhos de civilização! Há exemplos históricos desse fenômeno de regressão des-civilizatória.
Mas como e porque chegamos a Isso?
A CONFUSÃO
O Brasil, enquanto Nação, perdeu a orientação, o sentido do CERTO e do ERRADO. Esta confusão pode ser observada em inúmeras situações do dia-a-dia. Dou um exemplo. Foi preciso que houvesse MORTE e muita destruição para que as pessoas percebessem que sair por aí quebrando o patrimônio público ou privado é ERRADO e deve ser prontamente punido. A bem da verdade, os chamados “formadores de opinião” (jornalistas, artistas, professores, agentes da justiça, políticos etc) são mais confusos que o pai-de-família mediano. Observem o esforço desses profissionais na defesa dos arruaceiros, afirmando, repetidamente o mote de que “não se pode criminalizar os movimentos sociais”. É como se nessas cabeças, ativista fosse alguém que, acima da Lei, pudesse todo tipo de transgressão, pois o fazem em nome de uma causa. A idéia de que a Lei também se aplica aos ativistas lhes soa estranha e inapreensível. Outro exemplo. Uma minha colega, aqui mesmo da Faculdade, ao tomar conhecimento do roubo de dois automóveis, aqui na porta, exprimiu essa pérola: “é a pobreza, a desigualdade que tá insuportável”. Ora,  justificar assaltantes armados com base em pobreza é sintoma de uma desorientação profunda. Crime causado pela pobreza é apenas um jargão que visa produzir a adesão de mentes confusas. Ninguém jamais rouba por ser pobre. A pessoa rouba porque deseja o produto do roubo e decide tomá-lo à força. É uma decisão. Como também o é trabalhar para conseguir o que se deseja. Tudo isso é óbvio, mas no Brasil parece elucubração impenetrável. Os exemplos dessa confusão são muitos: o professor que não sabe se é certo reprovar um aluno que não apresentou desempenho; pais que não sabem se é certo castigar o filho que lhes desobedece; intelectuais que têm dificuldade em achar correta a punição de um adolescente assassino (“muito novo, não sabe o que faz”). O Brasil precisa, urgentemente, recuperar a noção de CERTO e ERRADO trazê-la de volta ao seu dia-a-dia prático e não como conceito filosófico. A relativização das noções de CERTO e ERRADO é sintoma de uma sociedade doente e quase sempre desemboca em tiranias. Mas como e por que nos afastamos de uma noção que já esteve tão presente na vida do brasileiro?

A MALÍCIA  - MONTAGEM DO JOGO DOS CONTRÁRIOS
Em nosso País, há cerca de pouco mais de 40 anos começou a se desenvolver uma nova estratégia revolucionária de cunho marxista. Tão logo o movimento esquerdista armado foi derrotado pelo regime militar, a estratégia do confronto violento ao regime foi substituída pela estratégia gramsciana de criar uma nova mentalidade nacional, servil ao movimento revolucionário. Para isso, seria necessário conquistar toda a intelectualidade e torná-la agente do processo. Professores, estudantes, profissionais liberais, psicólogos, religiosos, funcionários públicos etc deveriam ser convertidos às ideias revolucionárias, sem necessariamente sabê-lo, e passar a agir como centros irradiadores dessas mesmas ideias: socialismo, anarquismo, globalismo, ecologismo etc. Mas, como disse logo atrás, os intelectuais não precisariam ter o completo conhecimento de toda a estratégia (mesmo porque muitos, de pronto, rejeitariam fazer parte de um movimento comunista/ revolucionário) apenas difundiriam as ideias convenientes. Exemplo de uma ideia conveniente ao movimento revolucionário de fácil atração às pessoas: a luta por cidadania. É claro que cidadania compõe-se de um conjunto de direitos e deveres. É assim no mundo todo. Contudo, aqui, seguindo a tática revolucionária, cidadania é somente direitos, criando, assim, uma avalanche de pressões sobre o poder público para o seu atendimento e criando tensão do outro lado, na ponta de quem tem de arcar com os deveres. A "luta por cidadania" é apenas um  exemplo entre tantos.
Somente depois que a sociedade estivesse absolutamente dominada e prenhe dessas ideias é que seria acenada a mudança para o socialismo. O objetivo do estratagema revolucionário seria levar a sociedade ao máximo de desarticulação possível, de forma que as partes já não mais se comunicassem, apenas se opusessem mutuamente, pois aí, o movimento revolucionário poderia se apresentar como “a solução” para tanto descalabro. E disso cuidou com esmero todo o contingente de intelectuais e ativistas revolucionários. Promover a desagregação de todo tecido social é uma arte de engenharia comportamental: acirrar as disputas sociais violentas, radicalizar posições e opor todos contra todos.  É com essa finalidade que foram criadas as chamadas CAUSAS que deveriam funcionar como forças de atração, produção e acirramento de conflitos, como, por exemplo:
1 - oposição de negros a brancos em torno de cotas raciais discriminatórias. É claro que quem perde uma importante vaga em razão de ser branco nutrirá uma dose de ressentimento. Na outra ponta, a expectativa das quotas intensifica no negro o sentimento de ter direito natural às coisas, de ser vítima do branco, só por ser negro. Amplia-se  aí o fenômeno da divisão da sociedade. A restauração, pela esquerda, do termo “raça”, abolido nos anos 1960 pela própria esquerda, veio a calhar;
2 - oposição de homossexuais a heterossexuais em torno de leis discriminatórias como a lei anti-homofobia. Reduzir, por exemplo,  um simples “não gostar de ver homens se beijando” a crime de cadeia é claro que não tem finalidade alguma de melhorar a vida dos homossexuais, mas colocar na mente do homossexual um ressentimento de vítima e manipulá-lo para confrontar toda a estrutura social;
3 – oposição da mulher ao homem em torno de temas propalados por feministas profissionais. Buscar feminilizar o homem e masculinizar a mulher (afinal, o que se buscou não foi igualar os sexos?) é um projeto produtor de enormes tensões nos relacionamentos. Está claro que isto não melhora a vida da mulher ou do homem, mas aumenta muito a divisão social, afinal, muitos conflitos que naturalmente poderiam ser resolvidos pelo casal com base no amor que um tem pelo outro e na aceitação da diferença, passa a ser objeto de ação de agentes estranhos ao relacionamento. É o fim da intimidade e o começo do império do “contrato de amor”.
4 – oposição entre Igreja e Estado em torno da completa retirada de todos os símbolos religiosos e  de princípios bíblicos adotados pelo Estado Brasileiro. É claro que é um projeto impossível, pois implicaria não somente na retirada de cruzes  dos prédios públicos, mas na mudança dos nomes de cidades, estados, no texto constitucional, na moeda e, no limite, na simples leitura bíblica em cerimônias etc. Embora o objetivo seja impossível, pois necessita um apagamento da história, é fonte de enormes conflitos entre os agentes sociais. E é esse acirramento que conta para o projeto revolucionário.
5 – oposição entre pais e filhos em torno da direção educacional. Desde tempos imemoriais, as crianças são educadas por seus pais, isso implica controle, direcionamento, disciplina e respeito. Contudo, o movimento revolucionário colocou na pauta temas como: “a criança é um ser completo, portanto, ativo, implicando que deve ser ouvida e não cerceada em sua liberdade”; “liberdade e igualdade de direitos para as crianças”; “educação sem castigos”, etc. É claro que é um programa impossível: a criança nasce... criança e é por isso que a natureza lhe deu pais: para conduzi-la até a vida adulta. Uma sociedade em que as crianças sejam proeminentes terá curta duração antropológica. Como terapeuta, posso afirmar que já há muitas famílias, cujo ritmo e “clima doméstico” são determinados pelas crianças. Os engenheiros sociais da revolução não querem mesmo essa sociedade controlada pelas crianças e jovens. O que almejam (e já avançaram muito nesse quesito) é o conflito intrafamiliar e a desorientação social dos pais.
6 – oposição entre ricos e pobres. No mundo civilizado, ao longo de toda a história, o rico, que se fez honestamente, sempre foi modelo do aprimoramento de qualidades humanas. O rico sempre foi  modelo de esmero, dedicação e esforço pessoal no alcance de metas profissionais ou empresariais. E é por isso que a pessoa rica sempre foi admirada. Contudo, no Brasil de hoje, a engenharia social revolucionária nos condicionou a detestar ou ver com suspeita a pessoa rica, só por ser rica! Como pode, aquele que é modelo de sucesso, ser percebido socialmente como usurpador? É o acirramento ao nível máximo do sentimento da inveja, que acabará por desembocar em ressentimento e violência.

A BARBÁRIE
Enfim, são muitos os conflitos acirrados pela engenharia social revolucionária. E seu objetivo está sendo alcançado dia após dia. Veja a que ponto a sociedade brasileira chegou no campo da simples maldade. O brasileiro já foi tido como o homem mais cordial do planeta. Observe hoje! A maldade está desabrida e fazendo vítimas a todo instante. Observe o quanto de coisas maldosas vem sendo feitas no Brasil de hoje? Assassinatos em família, assassinatos no trânsito, assassinatos sem a menor motivação, estupros, sequestros, esquartejamentos (todos os dias se ouve notícia de alguém que foi esquartejado), destruição de lojas e prédios por arruaceiros, morte por rusgas de torcidas de futebol... É uma lista infindável. O Brasil está regredindo à barbárie, está desfazendo seu tecido social. O BRASIL ESTÁ DOMINADO PELA MALDADE!
A ERA DO ÓDIO DEVE SER SUPERADA
Não vai ser fácil! A engenharia social revolucionária já nos colocou no mundo do “todos contra todos”, mas ainda é possível lutar contra esse legado de ódio e divisão a que fomos submetidos: o rico contra pobre; homossexual contra heterossexual; homem contra mulher; pais contra filhos; patrões contra empregados; igreja contra estado, entre outras divisões artificialmente criadas. De minha parte, acho que não se deve odiar ninguém, mas se for esta a questão, deve-se odiar alguém de carne e osso que fez algo grave contra você e não por ser desse ou daquele estrato social. Posso odiar um homossexual, mas não por ele ser homossexual; posso odiar um ricaço, mas não por ele ser rico; posso odiar uma pessoa negra, mas não por ela ser negra e assim por diante. Enfim, devemos fazer um retorno ao ponto honesto, do qual nos desviamos, onde nossa apreciação/rejeição pelas  pessoas decorria de seu caráter, seu jeito de ser e não do estrato social a que elas  pertenciam. Todo o discurso do ódio divisor da sociedade brasileira deve ser denunciado de pronto por aquilo que realmente é: INFAME  e  CANALHA !



















segunda-feira, 14 de julho de 2014

AFINAL, O TIME BRASILEIRO ESTEVE MAL OU ERA MESMO RUIM? (OU DE COMO A RUINDADE FORA DA COPA ENTROU EM CAMPO CONTRA O ESCRETE BRASILEIRO)






Aqui vou eu em mais uma avaliação psicossocial do desastre brasileiro nesta copa. A primeira pergunta: o time brasileiro era mesmo tão ruim? Se nos basearmos nas fracas cinco primeiras partidas da copa e nas duas seguintes, desastrosas, o diagnóstico é esse mesmo: o time brasileiro era mesmo muito ruim! Mas esse raciocínio é ligeiro, superficial, pois esconde o fato de que o time do Brasil vinha muito bem até antes da copa, tendo sido campeão da Copa das Confederações, há um ano. A pergunta, portanto, deve ser deslocada: por que um time que vinha tão bem, apresentou um desempenho tão sofrível? É aqui que proponho uma avaliação psicossocial.
Há no Brasil, hoje, uma percepção aguda de nossos problemas de gestão: a saúde pública é péssima, a educação pública se tornou fábrica de analfabetismo e sexualização precoce, a segurança do cidadão não vale palito de fósforo riscado (70 mil assassinatos/ano é mais que muitas guerras declaradas), entre outras mazelas. Há, sobretudo, um sentimento de cansaço dessa decadência moral de nossos governantes, que vem contaminando o próprio povo.
O trânsito da informação, sobretudo pelas redes sociais, formou uma ideia de que nosso atraso não é praga divina, mas construído com nossas próprias mãos. Aí vem a ideia conclusiva: se quisermos, podemos mudar os gestores e colocar pra governar gente que realmente sabe o que fazer e tem interesse público!
A solução, portanto, está em nossas próprias mãos. Essa ideia já é, em si, foco de revolta.
O CUSTO DA COPA
O custo da copa passou a ser a expressão da incompetência e desonestidade dos nossos governantes. A mente humana tem o hábito de tomar o parecido pelo igual: como conciliar uma Seleção feliz e vencedora com a dura realidade do brasileiro? Torcer pela felicidade da Seleção seria como não se importar com a infelicidade do povo. E seria um passatempo muito caro. Aqui operou o mecanismo mental da ambivalência, pelo qual você ama e odeia um mesmo objeto (como uma nora que ama e odeia sua sogra). De sorte que todos amamos e desejamos o sucesso da seleção, no âmbito da consciência; mas, inconscientemente, expressamos contra ela o ódio deslocado de nossas agruras sociais, ódio, esse, deslocado, rejeitado e que não cabe em nossa consciência, pois fonte de sentimento de culpa. Contudo, esse odiar inconsciente não é inócuo, produz efeitos. E os efeitos, via  mecanismo do inconsciente coletivo, foram brotar na mente de nossos nossos atletas. Senão, como explicar jogadores experientes tão amedrontados? Como explicar um capitão, como o Thiago Silva, chorando de medo de bater um pênalti?
A SELEÇÃO ERA RUIM?

Sim, mas não tanto. Deveria perder a Copa? Provavelmente. Mas o desastre acachapante não deve ser entendido somente dentro do gramado. De certa forma, o povo brasileiro desejou isto. O povo não quis (pelo menos inconscientemente) que uma vitória no futebol fosse usada como compensação pela  incompetência e subdesenvolvimento de nosso país, além dos inúmeros erros de gestão e desonestidade de nossos governantes. Sentimentos assim, intensos, ambivalentes em outras culturas se voltariam contra o próprio governo. No Brasil se voltaram, com toda sua carga negativa, contra a Seleção.

terça-feira, 8 de julho de 2014

DERROTA E APAGÃO EMOCIONAL.










DERROTA E APAGÃO EMOCIONAL.
Ficamos todos  chocados. O choque emocional pode ser aliviado pelo choro, negado com as piadas ou convertido em tristeza. Não chorei, fiz muita piada e minha tristeza durou pouco (talvez pela experiência acumulada ao longo dos anos por outras derrotas). Agora, restabelecido, é o momento de procurar compreender minimamente o que houve, hoje, no Mireirão.
Para não ficar em levitações, vamos partir dos fatos. Fato número um: o time da Alemanha se mostrou excelente tática e tecnicamente, dando um banho no time brasileiro. Fato número dois: o time brasileiro jamais se acertou nesta copa, tendo vencido mais acidentalmente do que por uma dinâmica forte e envolvente. Fato número três: o futebol é um jogo de probabilidade, jamais de certezas. Com base nesses fatos, está explicado esse 7 x 1 para a Alemanha? A resposta é NÃO! E a razão deste post é tentar desvelar o que mais contribuiu para esse resultado e que ultrapassa o puramente futebolístico.
Afirmei, sinteticamente, em um outro post que o chororô dos jogadores brasileiros era o choro de chegada  daquele tipo de choro que ocorre quando a pessoa alcança algo muito difícil e desejado e vê, nesse momento, aquele filmete de sua vida e todos seus esforços despendidos para chegar a esse ponto. Afirmei, também, que essa disposição chorosa ficava em contradição com os objetivos do presente, que seria o de vencer a Copa, afinal a predominância emocional do “cheguei” desloca a do “vou vencer a Copa”, criando uma ambivalência paralisante, que pôde ser muito bem observada quando o capitão Thiago Silva se recusou a bater pênaltis contra o Chile, por “razões emocionais”. Já se percebia aí a marcha do medo!
Esse quadro foi muito agravado pela perda de dois jogadores fundamentais ao modelo definido pelo técnico: Thiago Silva, zagueiro e capitão do time e Neymar, nosso craque inconteste. Eu não me refiro aqui somente à perda puramente técnica, mas ao agravamento das condições emocionais do time. Ocorreu, a partir do último jogo, um fato muito estranho, fruto de um jornalismo ignorante. Começaram a ser difundidas opiniões de jornalistas e analistas esportivos de que a perda do Neymar iria motivar o time, que, livre de cobranças, poderia praticar um futebol muito superior ao apresentado até então. Para mim, essa opinião era verdadeiramente bocó: como e porque um time perde seu melhor jogador e vai jogar melhor, qual a lógica disso? Seria o mesmo que afirmar que se a Argentina perde o Messi irá jogar melhor! Dessa forma, a pressão sobre os nossos jogadores aumentou, em vez de diminuir. Aumentou muito a pressão e reduziu muito nossa capacidade técnica para fazer frente ao desafio.
Quando a Alemanha marcou seu primeiro gol, o time brasileiro ficou atônito, aéreo mesmo. É como se não acreditasse (não podiam acreditar, estavam apavorados) no que estava ocorrendo e, por isso, não esboçou reação. À medida que os gols se sucediam, o estado de letargia dos nossos jogadores aumentava. À percepção da deficiência técnica somou-se a ambivalência emocional, levando nossos jogadores à quase catatonia, como quando se tem um pesadelo com um monstro apavorante e você tenta correr, fugir e não consegue. Mas ali era um estádio, o time  não poderia correr e nem poderia destruir o monstro. Tinha de jogar futebol

Enfim, nosso time estava apavorado, já fora do gramado; e paralisado, no momento do jogo. Nessas condições, o resultado, acreditem, poderia ter sido ainda pior. Lembrando mais uma vez Freud, em vez do prazer de competir, nossos atletas ficaram emparedados pelo medo de perder.

O CHORORÔ DA SELEÇÃO BRASILEIRA AJUDA OU ATRAPALHA?

O CHORORÔ DA SELEÇÃO BRASILEIRA AJUDA OU ATRAPALHA?

Talvez seja esta a mais chorona de todas as equipes formadas pelo Brasil, em todas as Copas do Mundo. O chororô é geral. Na hora do Hino, no início do jogo, quando faz o gol, quando leva ...o gol, na hora do pênalti, e no final da partida. É muito choro, convenhamos. Mas, afinal, qual é o sentido desse choro?
Sabemos que o choro é expressão de emoções intensas. Pode ser causado por algo muito triste, uma decepção; pode ser causado por se ter vencido grandes desafios, como uma aprovação em um concurso desejado e difícil; podemos chorar de alegria, como quando nasce o filho ou quando nosso time do coração vence o campeonato (sendo o Vila Nova o meu time, já esqueci como se faz isso...); podemos chorar de raiva (conheci uma moça que nunca chorava por outras razões, mas, frequentemente chorava de RAIVA) e podemos chorar de medo!
Um atleta que chora, eventualmente, passa uma atmosfera de apego e dedicação ao clube, o que nos comove e convence de seu compromisso e de que não é frio como um “mercenário”. Nesta clave, portanto, o choro ajuda.
Mas e quando o choro revela descontrole emocional, falta de confiança, falta de segurança e incerteza? Em situações assim, o choro atrapalha.
Me parece ser bem essa a situação de nossa seleção. Os jogadores não estão chorando só por excessivo comprometimento. Estão chorando porque estão inseguros. Mas por que e como isso acontece?
Penso que nossos atletas estão fora do foco. Estão chorando por ter superado suas dificuldades passadas, na infância, juventude e na vida profissional. Se chegaram até aqui, é porque são todos vencedores em seus clubes, já conquistaram seu espaço no mundo do futebol e é esse repertório de recordações que está dinamizando as emoções que levam ao choro. É como se estivessem dizendo pra si mesmos: “olha tudo o que passei e superei para chegar até aqui”. Então, chegar “até aqui” passa a ser a finalidade da existência, tudo o mais é irrelevante. É o choro de chegada, é choro do término de uma jornada longa, dura e difícil na qual sagraram-se vitoriosos. É um choro por suas biografias.
Mas por que afirmo que estão fora do foco? Porque “chegar até aqui”, é importante biograficamente para cada atleta, mas não tem a menor importância para a seleção. Para a seleção, não importa, o mais mínimo, de onde o por onde o atleta veio. Importa o que vai fazer aqui, agora, para chegar ao objetivo do time: sagrar-se campeão!
Em meio a essa turbulência de choro de chegada, o atleta chega a não saber o que fazer ali. Ou não é isso que revela o time quando o capitão Thiago Silva pede para não cobrar o pênalti por não se sentir “preparado emocionalmente”. Um capitão que recusa sua tarefa por “razões emocionais” está se desqualificando para o posto. Lembro aqui um aspecto da teoria freudiana da libido de competição: “mais preparado é o competidor que tem prazer na competição e esperança de vitória”. É isso garotos: concentrem-se em se divertir jogando bola e deixem a biografia pra depois da competição!

domingo, 6 de julho de 2014

AFINAL, O QUE QUEREM OS SOCIALISTAS (CMSS*)






Os ideólogos marxistas, a título de propaganda, sempre afirmaram ser o socialismo a abolição da propriedade privada dos meios de produção, tornando seu controle estatal. Segundo a definição, no socialismo, as fábricas, lojas, comércio e empresas em geral deixariam de ser propriedade de indivíduos e passariam a ser propriedade do governo. Isso traria a enorme vantagem de libertar o trabalhador da usura capitalista, recebendo, via estado, os benefícios justos por seu trabalho.
Ocorre que todas, repito, t-o-d-a-s as  experiências de que se tem notícia de estatização dos meios de produção, ocorridas ao longo do século XX, acabaram em retumbante fracasso econômico e ampliação da miséria social. A ex União Soviética, dissolvida na década de 80 com  a queda do Muro de Berlim é o exemplo mais vistoso do desastre econômico que a estatização dos meios de produção causam, mas temos exemplos ainda atuais, como Cuba e a Coréia do Norte. O que dizer desses dois países. Não vou me alongar na descrição da miséria em que vive essa gente (seria penoso demais para qualquer leitor médio brasileiro, com a cabeça infestada de sub-marxismo universitário), apenas apresentarei um exemplo das condições de cada um dos dois países. Há, em meu círculo de amigos, uma família, da qual um membro foi estudar medicina em Cuba. Sempre depois de passar férias aqui, ao retornar para Cuba, o estudante faz  uma carga portentosa de material de higiene pessoal, com destaque para o papel higiênico. Rolos e rolos de papel higiênico. É o artigo que mais leva para Cuba. Perguntado o por quê dessa atitude estranha, o dono da carga informa que, em Cuba, papel higiênico é só no câmbio negro, pois é artigo caríssimo. Conta que os nativos buscam solucionar a situação de duas formas: 1) fabricando, a partir de uma folha de uma planta da família da bananeira, uma forma aproximada de papel higiênico; e 2) recorrendo ao exemplar diário em papel do jornal oficial  GRANMA, de distribuição gratuita. Quanto àquele paraíso chamado Coréia do Norte, basta dizer que é o país em que mais se pratica, e em volume crescente, o canibalismo. A coisa toda é tão horrorosa, que não deu mais para abafar, já vazando para a grande mídia (http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,coreia-do-norte-promete-investigar-canibalismo-imp-,875634). Alguém poderá argumentar: “canibalismo sempre existiu, até entre nosso silvícolas”. Sim, sim. Contudo, enquanto os silvícolas brasileiros praticam o canibalismo por ritual de introjeção de força e poder (tanto é que se recusam a comer a carne dos inimigos covardes), o canibalismo na Coréia-do-norte é simplesmente pelo desespero da fome.
Mas e quanto à gigante China? Não é comunista? E não cresceu e está crescendo economicamente? Então é possível socialismo e crescimento econômico (assim concluiria um observador superficial). A história da China é um retumbante fracasso da estatização dos meios de produção. Desde o princípio, nas décadas de 40/50, com a coletivização das fazendas, a China veio acumulando miséria e morte. De tal sorte que, cerca de 50 milhões de pessoas, morreram de fome só nesse processo (dados completos e irrefutáveis na obra  “O Livro Negro do Comunismo”, encontrável aqui: http://livrariasaraiva.com.br/produto/432791). A China somente saiu de seu círculo vicioso de miséria x fome x matança com a abertura econômica iniciada na década de 80 (curiosamente financiada por empresários americanos e patrocinada pelo ex presidente Richard Nixon). A China de hoje tem uma economia menos estatizada que a brasileira. Foram a desestatização da economia e a liberação das forças individuais para a produção que produziram toda essa pujança econômica atual.
Mas se a estatização da economia já se provou, reiteradas vezes, fracassada, por que os socialistas ainda insistem nesse discurso? A resposta é: ele já sabiam disso desde a década de 20 do século passado. Em um artigo publicado em 1920 o economista austríaco Ludwig Von Misses apresenta argumentos, irrefutáveis, da inviabilidade de uma economia plenamente estatizada. Nesta, a definição do sistema de preços cabe aos burocratas estatais, mas como determinar preços sem ter por base a demanda? Se não se sabe quantas pessoas se interessam  por um determinado canivete de cobre, como estabelecer seu preço? E, agora, vamos pensar em outras ferramentas, instrumentos de casa, equipamentos, móveis, vestuário, carros e toda a série de demandas das pessoas? Somente as pessoas podem determinar o preço das coisas; um sistema de preços estatal é irreal, artificial e faz com que a produção fique ora abaixo da demanda, ora acima desta, levando toda a economia ao fracasso. Como se disse, isso já se sabia desde 1920 e não houve economista marxista que apresentasse um argumento contrário consistente.
Mas, tendo por premissa esse conhecimento, o que leva os socialistas a insistirem no bordão da estatização dos meios de produção?
Por publicidade opositiva. Eles sabem que isso não funciona, que NUNCA será plenamente empregado e que vai piorar muito a vida das pessoas, mas sabem que as pessoas desejam um mundo de felicidade plena e pregam esse mundo com o socialismo. O que querem, realmente, é o controle da sociedade e não o controle dos meios de produção, de resto, inviável.
O termo hegemonia cunhado por GRAMSCI (Antônio Gramsci, teórico comunista italiano)indica a substituição e a condução da sociedade pelo partido, sem opositores, sem adversários. Um novo príncipe! O que os socialistas querem é controlar a sociedade e os indivíduos. Querem dizer o que você pode comer, o que você pode ler, o que você pode assistir, como você deve educar seus filhos, como deve amar, como deve ser estruturada a família e, por fim, como deve ser o próprio DEUS. Veja que isso já está em marcha muito adiantada no Brasil: a proibição de que a mãe dê uma palmadinha no filho já é lei, mas nada é dito sobre como combater os 60 mil assassinatos/ano no Brasil; outras se avizinham, como a substituição dos termos pai e mãe nas escolas públicas, primeiro, e, depois no resto da sociedade; há uma forte determinação do partido do governo em controlar a imprensa; os temas escolares são filtrados, segundo o desejo do governo; criminalização do tabaco e liberação das drogas, proibição da leitura e discussão de trechos inteiros da Bíblia Sagrada, estabelecimento do casamento gay; adoção de crianças por casais gays etc etc. Repare, por fim, que os socialistas modernos não vão investir em estatizar os meios de produção e acabar com o mercado, mas vão controlar para que os “empresários amigos” saiam vencedores na contenda mercadológica, sobretudo com os financiamentos estatais. O que dizer de uma empresa, como a FRIBOI, que até dez anos atrás era praticamente desconhecida e de pouca expressão e que hoje, com os financiamentos do BNDES (que já passam dos 12 bilhões) se tornou a maior empresa de alimentos do Brasil? Foi o mercado ou foi uma escolha do estado? Atentai!
(*) Comunistas, marxistas, socialistas e simpatizantes