segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A JUVENTUDE E O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO



Fotos: juventude comunista ontem e hoje. Na terceira foto, a juventude hitlerista. A mesma disposição para criar um "novo mundo"


A JUVENTUDE E O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO
                É de conhecimento elementar o quanto a ideologia revolucionária, representada principalmente pelo comunismo, foi trágica para a humanidade. Nenhum país matou mais opositores internos que China, União Soviética, Camboja entre outros potentados comunistas. Realmente, algo que as tiranias comunistas não admitem é alguém pensar diferentemente dentro do país. Ressalte-se aqui o quanto comunismo e nazismo são similares: controle da sociedade pelo estado, controle da economia, controle da imprensa. Onde quer que tenha imperado o credo revolucionário houve, como consequência, a miséria e a tirania em níveis sesquipedais.
                Contudo, apesar de promotor de tanta desgraça reunida, o movimento revolucionário continua a atrair militantes e simpatizantes, sobretudo entre os jovens. Estes são, via de regra, a massa humana mais utilizada em todo e qualquer movimento revolucionário. Basta uma olhada nas estatísticas do nazismo, comunismo soviético, chinês, no Camboja e aqui mesmo na Améria Latina,  em Cuba, Venezuela e Brasil para perceber o contingente de jovens recrutados (diria, aliciados). Uma pergunta salta os olhos, por quê? Por que os jovens continuam a ser atraídos por uma ideologia que foi e é fonte de morte, dor, miséria e sofrimento?
A criança é completamente dependente, mas gosta e busca por essa dependência
                Para responder a essa intrigante questão, devemos recuar aos primórdios do desenvolvimento ontogenético (ao longo da vida do indivíduo humano). Desde já, contudo, é necessário adiantar que não são todos os jovens que são atraídos pelo movimento revolucionário. A bem da verdade, somente uma pequena minoria cai nas malhas desse fenomenal engodo. Mas se trata de uma minoria ativista, barulhenta e que, por vezes, parece ser imensamente maior que a maioria silenciosa.
                O bebê humano é, talvez, o mais completamente dependente mamífero no início de sua vida. Realmente, é a mãe que define as circunstâncias, o momento e os cuidados a serem aplicados à criança pequena. Higiene, alimentação, aquecimento, cuidados gerais com a saúde, hora de dormir e uma infinidade de ações que a criança precisa que a mãe faça para ela, do contrário ou perece ou terá graves consequências para sua saúde.
                A criança, na medida em que vai crescendo, crescendo também irá sua autonomia pessoal. Quando começa a andar, a falar, a criança vai ampliar seu campo pessoal de ação e vai tentar, por todos os meios, desbravar os mistérios circundantes à sua curiosidade.
                Nesse processo evolutivo, por vezes, a criança se verá em situações de insegurança e incapacidade e buscará retornar aos braços da mãe para recuperar a segurança momentaneamente perdida. E aí, nesse processo de fluxo e refluxo, a criança vai alegremente seguindo seu caminho. A existência da mãe, que o protege e limita sua autonomia, não é percebida como hostil, mas como fonte protetiva à qual se apega com grande afetividade. A dependência nesse momento é percebida como correta e desejável.



O jovem continua  dependente, mas detesta essa condição e anseia por autonomia
                Contudo, ali pela pré-adolescência (10, 11 ou 12 anos) , a dependência começa a ser sentida como um valor negativo, um fardo,  e o jovem vai tentar, ao máximo, afastar-se da autoridade dos pais, sobretudo quando está na companhia de outros jovens. Há situações extremas em que o jovem, sequer aceita ser visto ao lado da mãe; beijar a mãe em público se torna um verdadeiro suplício.
                Nesse momento,  ocorre uma contradição, que leva a um conflito: o jovem deseja uma autonomia para a qual não está equipado e capacitado. Invariavelmente, quando a fivela aperta, é para os pais que  corre e neles busca  amparo e socorro.
                Mais e mais o jovem percebe sua fragilidade e incapacidade e mais e mais aumenta sua ânsia por tornar-se autônomo. Contudo, autonomia não é algo que se conquista da noite para o dia. Demanda tempo, muito esforço, trabalho e humilhação. E é aqui que a rebeldia juvenil se assenta: o sujeito se sente prejudicado e injustiçado pelo mundo, assim como o mundo é. Essa impotência é a semente do espírito revolucionário!
O sentimento de impotência e o deslocamento para a busca por um mundo perfeito, onde o jovem  será, enfim, poderoso
                Na maioria dos jovens (mais resistentes às frustrações) essa semente não germina, mas em uma minoria, frágil e carente da afirmação imediata de um poder que sente não ter, a coisa não passa, a planta germina (normalmente recebendo o adubo da intelectualidade ou de outros ativistas) e cresce forte, dominando a personalidade e predispondo o sujeito a querer destruir o mundo como é para construir um outro mundo, perfeito, onde terá o poder completo que sempre almejou, mas perdeu a esperança de alcançá-lo, por esforço próprio, no mundo de seus pais.
                Uma mente rebelde é predisposta a acatar toda doutrina mudancista, desde as mais elaboradas até as mais vigaristas. O importante é ver o quanto o mundo é errado, o quanto as tradições são tolas, o quanto a autoridade é tendente aos privilégios; enfim, todo o esforço deve ser feito para destruir o mundo como é para, em seguida, criar um mundo novo justo, bom, onde o homem seja um outro também melhor e mais bondoso. Não é difícil perceber nessa mentalidade um delírio megalômano, como se o sujeito fosse um novo deus!
                Com a chegada da maturidade, o ímpeto revolucionário se torna mais burilado e afiado, mas jamais deixa de ser o componente mais fundamental dessa personalidade. A pessoa, quanto mais percebe a fragilidade de suas idéias e propostas, mais ataca a realidade. Aceitar a realidade como ela é representaria um risco enorme para sua segurança emocional, seria lançar-se no precipício da dúvida e é aqui que uma curva errada no desenvolvimento da criança desemboca num adulto revolucionário neurótico. Mas isso é assunto para um próximo artigo.





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